O Futuro das Concessionárias: uma reflexão

O Futuro das Concessionárias: uma reflexão

Os meus 40 anos de atividade profissional foram em concessionárias, tendo conhecido de perto a área de caminhões, ônibus e veículos.

Já vivenciei épocas em que este era o melhor negócio para se investir, com retorno rápido, margens altas, demanda aquecida e muitas outras vantagens que um saudosista poderia ficar horas relacionando.

Só que atualmente o negócio mudou muito. As margens apertadas e a concorrência acirrada são elementos que os atuais dirigentes e investidores no segmento conhecem muito bem. Hoje nem a concorrência é mais só das outras marcas, ou concessionárias irmãs, hoje temos locadoras, compartilhamento de veículos, outros meios de transporte que oferecem comodidades, como o Uber.

O negócio então ficou ruim? Devo sair do negócio? Quanto tempo vai durar? Qual é a tendência? Qual é o futuro?

Não, o negócio está como todos os outros negócios de hoje. O que se constata é que, apesar do preço e das margens de algumas empresas estarem rentáveis, essa realidade não se verifica em todas as empresas, mas apenas naquelas que fizerem o dever de casa, ou seja, reavaliaram seus custos, sua produtividade e sua competitividade, através de uma gestão moderna, de um marketing de resultado e equipe de alta performance.

Este é um negócio para empresários e não para donos. Nada de errado que o dono seja o gestor, porém vai exigir uma visão mais ampla do negócio, trabalhar com metodologia, com conhecimento e estratégias de longo prazo. Se quiser ser apenas um investidor, devo profissionalizar minha empresa para garantir o meu retorno.

É preciso também que os executivos conheçam o negócio, que tenham visão de empresário, que possam agregar valor, que saibam que vão ter de administrar uma empresa com vários negócios diferentes em sua estrutura: venda de veículos novos, vendas de veículos usados, venda de consórcio, venda de financiamento, venda de acessórios, venda de peças, venda de serviços, funilaria e pintura, contrato de manutenção e muito mais. Deve-se saber que cada negócio tem particularidades, diferentes exigências e público com perfis diferentes.

O futuro das concessionárias

Já eram muitas as perguntas que tínhamos sobre o comportamento dos consumidores, agora com a pandemia ficam ainda mais pontos a serem pensados. Nosso showroom como será? Qual o papel das vendas digitais? O contrato de manutenção nas vendas de máquinas e caminhões, com certeza terão um novo papel. Gestão dos talentos, das tecnologias, o que muda? E as tecnologias, como inteligência artificial, big data, carros autônomos, impressoras 3D, como afetarão o segmento?

Novas atividades deverão fazer parte do novo modelo de negócios e serão cada vez mais importantes na estratégia de sobrevivência do negócio, como por exemplo a locação de veículos e outros que até aqui não tiveram foco, como contrato de manutenção, pós-vendas, venda de veículos usados.

Mesmo o compartilhamento de veículos, uma tendência para o setor automotivo, não deve ser encarada como apenas uma notícia ruim e sim como uma nova oportunidade diante da realidade atual, em que 90% do tempo os veículos ficam parados, sem serem utilizados, e passaram a ser oferecidos para outros pessoas com objetivo de contribuir para redução dos custos de manter um veículo. Para o pós-vendas, significa carros rodando mais e gerando manutenção em menor espaço de tempo e um maior desgaste.

E não podemos deixar de lembrar que administração financeira será vital para o sucesso de um investimento onde o retorno é baixo e exige grande volume de capital.

Dessa forma, não devo sair do negócio, pois com certeza este é um segmento que o seu ciclo de vida ainda está em fase de crescimento, se nos adaptarmos às mudanças exigidas para o futuro.

O anuário da Indústria Automotiva Brasileira 2020, da Anfavea, apresenta alguns grandes números:

  • No Brasil são 26 fabricantes de auto veículos e máquinas, 473 fabricantes de autopeças, 5249 concessionárias;
  • São 65 unidades industriais, em 10 estados e em 43 municípios.
  • Capacidade instalada de 5,05 milhões de auto veículos e 109 mil máquinas;
  • Faturamento 2018: 61,9 bilhões;
  • Emprego direto mais indireto: 1,3 milhões de pessoas;
  • Participação de 18% do PIB da indústria e 3% do PIB total de 2018;
  • Ranking mundial: 8º. Produtor auto veículos e 6º. Mercado interno.

Academia Dealer

E é neste contexto que estruturamos Academia Dealer. Nossa proposta é realizar uma discussão aberta a todos que acreditam no segmento de concessionário automotivo, que vivem dele, seja como profissional do setor, ou de segmentos a sua volta, como o setor de autopeças, empresas de ferramentas e equipamento, pessoal de consultoria, treinamento e desenvolvimento de pessoas.

E por que não aos nossos clientes, que adoram carros, que são apaixonados por equipamentos? Uma discussão aberta para pessoas e empresas que precisam de máquinas, caminhões e equipamentos para melhorar o desempenho de seus negócios e vivem com uma grande ansiedade por melhores soluções. Para aqueles que, na sua percepção, uma concessionária ainda atende ao cliente do mesmo modo que as primeiras concessionárias.

Assim, o grande objetivo da Academia Dealer é apresentar e discutir temas que provoquem uma reflexão sobre a gestão automotiva, para qual futuro temos que nos preparar? Uma meta ambiciosa, mas se temos que nos dedicar, que seja em algo grande do qual possamos nos orgulhar dos resultados.

Portanto fica o meu convite para que participem de nossas discussões. Serão disponibilizados, semanalmente, artigos com algum tema sobre gestão do setor, para nossas discussões. Sinta-se à vontade para participar ativamente, opinando e contribuindo com novos elementos de sua experiência nesse campo de conhecimento.

Você poderá enviar suas contribuições nos comentários em cada post, ou se preferir, no e-mail: contato@resultdealer.com.br.

Nossa proposta e fazer uma curadoria para apresentar aqui, artigos apresentados por vocês, dado o devido crédito da autoria, e ou resumo das contribuições apresentadas para os assuntos.

Convidem amigos, divulguem para seus contatos do Linkedin, Facebook e toda sua rede!

Júlio Boaventura

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